A Coragem de Ser Imperfeito

Corda-bamba-divulgação

No ano passado li um livro muito especial: “A coragem de ser imperfeito” . Trata-se de uma pesquisa de 12 anos da assistente social norte-americana, Brené Brown.

Hoje me lembrei desse livro ao participar da reunião de condomínio no meu prédio. O síndico ao abrir a assembléia disse:

_ Boa noite a todos! Quero dizer que a reunião será breve. Não pretendo me alongar muito! É que não estou me sentindo muito bem. Estou atravessando um momento difícil por esses dias, o que tem me deixado triste. Peço a compreensão de todos.

Achei essas palavras de uma grande honestidade. Ao mesmo tempo, percebi também, uma silenciosa solidariedade vinda dos participantes.

Sim, a coragem de ser imperfeito e aceitar a própria vulnerabilidade.

08/09/15


Água

agua[1]

Precisei outro dia resolver uma pequena questão no prédio onde moramos.

Com essa crise hídrica, minha filha veio nos mostrar um desenho que havia feito na escola, mostrando a importância de economizarmos água. Eu e a Ana gostamos muito, principalmente porque trabalhos assim, feitos com tanta simplicidade, dizem muito!

Então a nossa filha nos pediu para perguntar ao síndico, se ele a deixava pregar sua “obra-prima” no elevador do prédio. Fui falar com ele.

_ Senhor Eduardo, como eu poderia negar um pedido assim, vindo de uma criança? Claro que pode afixar! E diga a ela que ficamos bem felizes por nos auxiliar nesta campanha!

Sorridente, deixei que ela mesma escolhesse o local! Isso já faz um mês.

Hoje, o síndico nos entregou uma cartinha para que lêssemos juntos:

Senhorita Clara,

Queremos agradecê-la mais uma vez por esta bela iniciativa. Aproveitamos para fazer saber que, nosso prédio, no mês de maio, já conseguimos economizar, até agora, quase 2 mil litros de água.

És pequenina no tamanho, mas grande em maestria.

Atenciosamente,

Síndico, subsíndico e conselheiros. (Assinaturas de próprio punho).

A Clara nos disse que fará mais desenhos. Um de cada vez!

 20/05/15


Nada

Nadar

Nada

Tudo em volta

Óculos, touca, calção, maiô

Raia

Água

As leis da Física

Um corpo que molha

Um corpo que quase afunda

Nada

Braçadas, pernadas, chegadas

Um corpo desliza

Leve e elegantemente

Você não está numa piscina de bolinhas coloridas!

Deserto divertido e molhado

Nada

Pulmões

Fôlego

Hidrogênio e oxigênio

Nada

Você vai voar como uma borboleta

Na água

Um dia enfrentará, quem sabe, um mar de altas ondas!

Você pode!

Você dentro da água, a água em você!                                                                                                                                                                       

Eduardo Augusto

10/06/14

Dedico este texto ao meu professor de natação, Frederico Pantoja.

 


E Deus fez a melancia

Da família das cucurbitáceas. Seu nome: citrilus lanatus. Além de cálcio, vitaminas do complexo B, cálcio, fósforo e ferro, possui 90% de água. Nesse calor, geladinha, é uma delícia!

Eduardo

30/10/12


Certificado de coragem

Minha filha Clara precisou fazer exame de sangue na semana passada e eu disse a ela:

_ Leve seu macaquinho pra te fazer companhia! Ela colocou o bichinho de pelúcia debaixo do braço e seguiu em frente conosco.

Como explicar às crianças “é para o seu bem!”  Mas, ela fez o exame e recebeu um certificado cheio de corações! A moça que a atendeu escreveu seu nome com uma linda letra e a entregou com um sorriso no rosto.

_ Mamãe, lê pra mim!?

Certificado de Coragem

“Certificamos que nossa brava amiguinha Clara enfrentou a temida agulha e venceu a batalha, sem derramar uma única lágrima! Parabéns!”

Tão feliz ficou nossa pequena, que a Ana teve de ler para ela mais de 20 vezes. Isso bastou para que, bem antes disso, a Clara decorasse cada palavrinha do seu precioso diploma. Ainda o declama com ar solene a todos que a pedem, ou mesmo espontaneamente. Levou-o para a escola para mostrar à professora e aos coleguinhas.

Maria, uma de suas melhores amiguinhas, tendo feito o exame, por coincidência, no mesmo laboratório, perguntou em casa: Mãe, cadê meu certificado de coragem? A Clarinha ganhou um, eu também não chorei! Quero o meu!

Misteriosos caminhos do heroísmo que mesmo uma criança é capaz de compreender. Coragem de ser, de deixar, de fazer acontecer.

Que possamos também receber o nosso certificado por tantas batalhas vencidas e por aquelas que ainda virão.

Um abraço,

Eduardo

20/05/12

12:00


Cômputo geral

Cheguei à conclusão de que, no cômputo total, nossos pequenos defeitos fazem uma enorme diferença, não só na nossa convivência, como também, na percepção que temos de nós mesmos e dos outros. Preferimos julgar as outras pessoas do que lançar um olhar em direção a nós mesmos. Somos máquinas de raios x ultra-rápidas, capazes de elaborar julgamentos fáceis acerca do outro. Como dizia minha avó: nossos defeitos estão escritos nas nossas costas.

Num casal, os defeitos ficam autoevidentes. É como se o parceiro fosse uma lupa. Por onde quer que vamos lá está ele a nos mostrar que não somos perfeitos, não adianta. Não somos perfeitos, ainda.

Tenho pensado nisso por esses dias: no cômputo total, aquelas pequenas falhas de caráter, modos de ser que nos tornam pessoas um pouco piores. O antídoto? Autoconhecimento.

Eduardo

24/04/12 


Tem de ser assim

Há certas coisas na vida (e não são poucas) que têm de ser assim e não de outro jeito. Exemplo: dormir bem, não se estressar tanto, cuidar do que nos diz respeito, alimentar-se de maneira saudável comendo regularmente frutas, verduras, legumes e carboidratos na medida certa. Além disso, comer devagar saboreando lentamente. Não abusar do sal e nem do açúcar branco, fazer atividades físicas, ter momentos de lazer. Hoje em dia, tudo isso é tão óbvio, mas o óbvio está a um palmo do nosso nariz, não é mesmo?

Por isso, se alguém quiser ter mais saúde, tem de ser assim. Haja disciplina, mas ela faz bem!

 Eduardo

01/04/12


O mundo pode ser mágico

A jornalista Leila Ferreira publicou um livro muito interessante e especial “A arte de ser leve”.  Nele há muitas histórias legais e que inspiram.

Ela conta em uma das passagens um fato bastante comum que talvez as pessoas nem percebam: a entrada no elevador. Muitas vão logo apertando o botão para fechar a porta, sem nem mesmo se importar se está vindo mais alguém. E ela só leva quatro segundos para fechar. Fiz a contagem ontem. É verdade. Nesse mundo de tanta pressa, quatro segundos pode ser tempo demais! 

Também tenho uma história com elevadores. Caminhava um dia dentro de um shopping quando pensei: assim que eu estiver bem perto da porta do elevador, ela se abrirá! E não é que aconteceu! Entrei sozinho, pensando comigo: o mundo pode ser mágico!  Não bastasse isso, resolvi fazer a mesma experiência no dia seguinte, já que precisava passar por ali novamente. Firmei o pensamento e, nem precisei dizer: “Abre-te sésamo!”  Uma singela alegria  tomou conta de mim.

Levamos a vida muito a sério e como diz a música Brincar de Viver: “Você verá que é mesmo assim, a história não tem fim, continua sempre que você responde sim, a sua imaginação, a arte de sorrir cada vez que o mundo diz não…”

  Eduardo

23/01/12

Dedico esse texto à Leila Ferreira.


O movimento e a vida

Tive paralisia infantil por volta de um ano e meio, por isso, desde  pequeno iniciei tratamentos fisioterápicos. Recordo-me claramente dos cuidados recebidos, dos exercícios e de andar por uma passarela, onde à frente estava um espelho. Via no rosto daqueles profissionais a sincera alegria por acompanharem minha evolução. Desde 1989, a pólio foi erradicada do Brasil. Fato bastante recente, não é mesmo? Um flagelo que atingiu milhões de crianças e consequentemente suas famílias. Há quatro anos atrás, levei pela primeira vez minha filha Clara para tomar a preciosa gotinha! Naquele momento, senti uma forte emoção, dessas que ficam gravadas no coração. Hoje é maravilhoso vê-la correndo para os meus braços, correndo pelo mundo. Confesso que ela quase sempre me chama pra vir junto. Claro que não poderia perder essa bela oportunidade!

No final de 2002 comecei a apresentar um cansaço sem explicação, já que até então eu andava bastante pra todo lado, subia escadas, enfim, tinha bastante disposição durante todo o dia. Após consultar um especialista fiquei sabendo que eu apresentava um quadro de Síndrome Pós-Pólio. A explicação: os neurônios remanescentes começam a ficar com preguiça, porque estão executando um trabalho que teria de ser feito por toda aquela turma (de neurônios) que parou com a pólio. Sem gente para trabalhar, o corpo começa a apresentar fadiga, dor e cansaço muscular, dentre outros sintomas. Para aliviar tudo isso, fisioterapia com exercícios de baixo impacto, hidroterapia, momentos de repouso. Entre idas e vindas interrompi por algum tempo o tratamento, retomando-o de vez em quando, até que; em maio deste ano, firmei o propósito de investir mais em minha qualidade de vida. Como me disse um médico amigo meu: “Eduardo, você precisa chegar pelo menos até os 80 anos, para dar um diploma à sua filha e levá-la até ao altar!” Tenho de concordar com ele!

A fisioterapia é uma arte, mas é também uma ciência, cujos fundamentos têm por finalidade conhecer a estrutura e a mecânica do corpo para diagnosticar, tratar e prevenir doenças, restaurar movimentos e devolver ao paciente seu lugar na sociedade. Busca um entendimento global do ser humano, em multidisciplinaridade com outras áreas da saúde. Como arte, é conduzida por este profissional atento: o fisioterapeuta. É ele que acolhe, abraça e responde desde o início por esse desejo enorme de devolver, como um presente, a saúde aos pacientes, porque sabe também, do valor da sagrada energia da ação. Ele olha nos olhos, estende e segura a mão, dá o braço, acompanha cada passo, acolhe. Enquanto atua, reflete. Transforma pequenos gestos em movimento. Chega a produzir uma grande revolução, mas, sem alarde. O fisioterapeuta senta junto, fica do lado, escuta muito. E faz desse escutar mais do que um ideal. Estuda, reflete de novo, aprende mais, preocupa-se; conhece mais de si e do ser humano; seja criança, jovem, adulto ou pessoa idosa. O fisioterapeuta volta para casa todos os dias com a consciência tranqüila, porque sabe que a vida é movimento!

Fisioterapeuta, parabéns pelo seu dia! Por tantas vitórias! Continue seguindo em frente, com dignidade, força e fé!

Eduardo Augusto B. Santos

Publicado na revista Nova Fisio. Número 82. Edição outubro 2011.